sábado, 28 de abril de 2012

Primeiras Impressões: Shingeki no Kyojin (Attack on Titan)



Primeiro post de impressões sobre um mangá. Bom, o leitor pode estranhar primeiras impressões de um mangá de 7 volumes, mas como ele aparentemente só está esquentando agora e é pouco conhecido entre os fãs, acho que vale a pena apresentá-lo para o maior número possível de pessoas.

Centenas de anos atrás, os humanos foram quase exterminados pelos titãs. Os titãs possuem a forma de humanos gigantes, variando de 3-4 m a 15m. Eles aparentemente não possuem inteligência e devoram os seres humanos. E aparentemente eles fazem isso por prazer, ao invés de como forma de alimentação. Eles também possuem uma capacidade regenerativa enorme, regenerando qualquer ferimento, e só morrem se destruírem a suas nucas. Um grupo de humanos conseguiu sobreviver ao construir três muralhas gigantescas, bem maiores que os gigantes cercando o seu território.


No começo da história, não há um ataque de gigantes ao povo da muralha em 100 anos. O garoto Eren e sua irmã adotiva Mikasa, que moram na região da muralha mais externa presenciam um fato terrível: um titã maior que a muralha aparece do nada e abre um buraco na muralha. Titãs menores invadem a cidade e as duas crianças assistem sua mãe ser comida viva. Eren e Mikasa conseguem fugir para a região da muralha do meio, que agora passa a ser o limite do território humano. Eren então faz um juramento: irá matar todos os titãs e se vingar pelo massacre da humanidade.

Shingeki no Kyojin é uma das coisas mais interessantes que eu li ultimamente, porque mesmo que o cenário lembre um pouco histórias de zumbi, ele é bastante original. Mas a originalidade é o de menos. Shingeki é um manga de terror dos bons e o autor constrói a atmosfera certa para o enredo. Poderia facilmente ter virado um mangá sobre heróis matando titãs a torto e a direito. Ao invés disso, o autor cria um cenário altamente opressivo. A humanidade restante vive com medo dos titãs, tentando desesperadamente sobreviver. E todos os esforços contra os titãs são praticamente inúteis. Os próprios titãs são altamente perturbadores. O corpo deles têm as proporções erradas e, o que é pior: eles tem expressões faciais realmente perturbadores. E elas são perturbadoras porque são as expressões "erradas". Raramente um titã está com uma expressão de raiva, fome ou malícia enquanto eles massacram e devoram os humanos. Algumas vezes eles o fazem com uma expressão vazia, outras com expressões de puro de leite e alguns com caras tristes, chegando até a chorar. Fora a cara de idiotas de boa parte.


Além da atmosfera, o autor acertou em outro aspecto importante do terror: o medo que você sente pelo personagem. Os titãs são muito fortes. E pessoas morrem. Muitas. E são mortes altamente cruéis. O autor não tem medo de dar nomes a personagens, fazê-los interagir com os outros para matá-los pouco tempo depois. E não são mortes belas e heroicas. A maioria das mortes é rápida, violenta e sem sentido. Claro que ele mantém os personagens principais vivos, já que são necessários para contar a história. Mas ao matar pessoas ao redor deles, inclusive alguns que se mostram importantes, ele te faz temer pela segurança dos personagens. Me lembrou dos momentos mais sombrios e violentos de Berserk.

O mangá também é eficiente em te deixar curioso, porque as pessoas não sabem quase nada dos titãs além do que está na sinopse. Não sabem de onde vêm, porque comem as pessoas, do que se alimentam, se há outros grupos humanos vivendo fora das muralhas...

Só pelo que vai acima, Shingeki já valeria a pena. Mas o autor ainda criou um método de combate original baseado no equipamento de manobra 3D, composto por um mecanismo que atira cabos de ferro com ganchos que permitem aos soldados se mover em três direções (tipo uma mistura das teias do Aranha com aquela corda automática com gancho do Morcego), o que é necessário para alcançar o ponto fraco dos titãs. O equipamento é controlado por um dispositivo que fica na mão do soldado (e parece uma metade de um guidom) e que pode se conectar a lâminas descartáveis, já que estas quebram facilmente nas lutas contra os titãs. É bem criativo e as lutas em 3D são legais.

O autor desenha as cenas de ação muito bem, dando a impressão certa da altura, velocidade e impacto dos movimentos, além das cenas serem fáceis de entender. Os cenáros são bem feitos, mas meio pobres, o que é compreensível, já que eles não tem muito luxo dentro da muralha e nem tecnologia, o que não permite estruturas mais elaboradas. E como a área humana é pequena, não há muita variedade de paisagens. Quanto aos personagens, no começo eles são bem rígidos e parecidos. Mas com o tempo o autor melhora e muito. Atualmente a arte dele está muito boa. O que não muda é o estilo cru do traço, que dá uma impressão meio de esboço, mas que funciona bem no mangá.


Finalmente, temos os personagens, que também são muito bem feitos. Todos têm um passado e suas ações são verossímeis. Diante do desespero causado pelos titãs, uns ficam paralisados de medo, outros vão para cima como quem não tem nada a perder, alguns ficam muito bravos e uns poucos descobrem a sua própria força e agem como profissionais. Há vários personagens, então me focarei nos 3 principais. O Eren quando criança sonhava em descobrir o que havia além da muralha e estava sempre brigando. Depois da morte de sua mãe, ele quer matar os titãs, então se torna um soldado. Apesar deste ódio, ele é um idealista que acredita que a humanidade pode vencer os titãs. A Mikasa é a melhor soldado da sua turma. Ela é calma, objetiva e muito talentosa. Ela faz de tudo para proteger o Eren, a única família que lhe resta. Armin é um amigo de infância do Eren e da Mikasa. Ele é um fracote, mas é muito inteligente e é um estrategista capaz.

A única coisa que me desagradou no mangá foram algumas cenas de combate desarmado. O autor desenha os movimentos do corpo humano bem, mas aparentemente ele não entende de lutas. Personagens que deveriam ser bons no corpo-a-corpo não mantém a guarda e soltam socos abertíssimos, o que numa luta real os tornaria alvos fáceis para contra-ataques. Ele faz isso, para deixar os movimentos mais "cool", mas me incomoda bastante.

Até agora, Shingeki é muito bom. Parece que agora, no volume 7, começaremos a ter respostas. Se as explicações não forem ruins e o autor continuar mantendo o nível, será um mangá memorável.

2 comentários:

  1. E agora vao faze um anime em abril de 2013, e se o anime fica famoso acho que e capaz do manga chega aqui no Brasil.

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  2. Você fala que Isayama não entende de lutas. Pode ser que não entenda mesmo, mas o incrível é que ele fá de MMA e alguns personagens são baseados em lutadores reais.

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