quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Resenha: Hokuto No Ken

Como eu não estive postando nos últimos dias, vou postar mais uma vez hoje. E como o blog é sobre shounen,  porque não falar sobre o pai do shounen de ação? A seguir uma sinopse roubada do fórum do HNK fansub:

Em 199X, uma guerra nuclear destruiu o mundo. Os mares secaram, a terra secou. Plantas, animais... Quase todas as formas de vida foram extintas. Porém, a humanidade sobreviveu. Num mundo desses, a violência impera, e o poder está nas mãos daqueles que são fortes.

Hokuto No Ken conta a saga de Kenshiro, herdeiro de uma arte marcial de dois mil anos chamada Hokuto Shinken (O Punho Divino da Estrela do Norte), para resgatar sua amada que foi raptada por Shin, um antigo amigo de infância e praticante do Nanto Seiken (O Punho Sagrado da Estrela do Sul), outra técnica milenar.


O que a sinopse não diz é que o Hokuto Shinken usa pontos de pressão para destruir o inimigo por dentro, fazendo-o literalmente explodir de dentro para fora, fazendo voar sangue e órgãos para tudo que é lado. Já o Nanto Seiken destróis os inimigos de fora para dentro, sendo os seus praticantes capazes de fatiar os inimigos com as mãos (e pés) nuas.

O desenvolvimento de Hokuto é mais ou menos assim: Kenshiro está vagando pelo mundo desértico quando encontra uma gangue oprimindo pessoas inocentes. Kenshiro detona todos os punks com suas motos e carros (sim há veículos, mas não armas de fogo), salva as pessoas e descobre que os punks têm um líder. Kenshiro então vai lutar contra o líder que na maioria das vezes acaba sendo um praticante de artes marciais, inclusive dos dois estilos principais da série. Neste meio tempo, aparecem várias pessoas do passado de Kenshiro e assim vamos sabendo do seu passado. A série é repetitiva e a segunda parte, antes da qual rola um pulo temporal, é totalmente dispensável e não acrescenta muito, provavelmente porque o mangá foi esticado para a editora ganhar mais dinheiro.

Vale lembrar que tanto o visual dos punks quanto do mundo em geral são inspirados no filme Mad Max e o Kenshiro é inspirado no Bruce Lee. O Kenshiro é um cara de poucas palavras e cara de poucos amigos. Mas ele tem um coração bom e sempre ajuda os necessitados e, apesar de não ser muito emotivo, chora várias vezes ao alguns sacrifícios de homens honrados ou de inocentes durante a série. Kenshiro é acompanhado em suas andanças por Bat um pirralho danado e Lin, uma doce garotinha.

A arte do Tetsuo Hara é legal, apesar de as proporções serem meio estranhas, com os lutadores tendo mãos grandes demais e muitas vezes parecendo maiores do que são. Ele tem basicamente 3 estilos de design: um para os personagens masculinos principais, que são cheios de músculos, um para mulheres e crianças e outro para os punks e extras. Neste último tipo são comuns caras gigantes e deformados, que aparecem só para serem explodidos pelo Hokuto Shinken. Os cenários são normalmente desérticos e cidades destruídas, portanto não chamam muito a atenção. As cenas de luta são boas.

Quando eu escrevo que Hokuto é o pai do shounen de ação é porque a série introduziu boa parte dos clichês que são usados até hoje e, obviamente, não eram na época. Por isso a série pode parecer batida para os fãs atuais. Não foi a primeira série a usar cada clichê, mas foi a série que reuniu todos e criou os que não existiam, criando o estilo do gênero que é seguido até hoje. Para o leitor ter uma idéia, vou citar alguns:

- o pulo temporal (time skip)
os sidekicks que ficam comentando as coisas
- o ataque de centenas de socos
- a aura de batalha dos guerreiros (que depois virou, ki, chakra, haki, soma, cosmo e etc.)
- os lutadores que tem o poder de quebrar pedras, pegar flechas e etc.
- ataques a longa distância usando a aura de batalha
- o aumento do tamanho dos músculos dos lutadores
- a destruição do chão quando os lutadores liberam a energia de batalha
- a perda de roupas durante as lutas
- os vilões que não são tão maus assim e têm passado trágico ou se redimem antes de morrer
- o inimigo que se torna amigo
- as lágrimas masculinas quando alguém faz algo nobre
- o lutador obcecado com a beleza (e meio afeminado)
- os sacrifícios heróicos

E provavelmente eu esqueci alguma coisa. Por isso, acho que todo fã de shounen de ação deveria checar Hokuto, para saber de onde saíram todas as coisas que hoje, quase 30 anos depois, constam em todos os shounen de ação.

Avaliação: Recomendado para fãs hardcore de shounen de ação e regular para quem não é.

E o anime?

Bom, não assisti muito do anime, mas sei de uma coisa: se o mangá introduziu os clichês do shounen de ação, o anime introduziu as enrolações que os animes deste gênero usam até hoje para não alcançar o mangá. Isso significa que o anime é cheio de fillers e cheio daquelas enrolações nas cenas de luta, tipo mostrar a cara de um lutador, depois a do adversário, depois close no primeiro lutador e depois close no adversário.

A animação me pareceu ok para a época e a trilha sonora idem. Mas as músicas de abertura, em especial a primeira, Ai wo Torimodose, são clássicos das músicas de anime. A dublagem também está boa.  

Eu recomendo aos interessados a leitura do mangá, já que se o enredo do mangá já não é lá essas coisas, o dos fillers não deve merecer um Oscar de melhor roteiro. Lendo o mangá vc saberá o que é importante e poupará seu tempo.

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